Eu sou Malala
- Julia Moura
- 7 de jun. de 2021
- 3 min de leitura
Autor (a): Malala Yousafzai
Estrelas: 10/10

Malala Yousafzai nasceu em 1997, no Vale do Swat, Paquistão, mas foi em 2012 que ela ficou conhecida mundialmente após ter sido baleada por extremistas do Talibã, ao lutar pelo direito das mulheres à educação.
Na época, tinha 14 anos e muitos sonhos. Felizmente, o Talibã não conseguiu matar nem a menina, nem seus sonhos. Aliás, isso fez com que eles fossem reconhecidos pelo mundo todo.
No livro Eu Sou Malala: A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã, publicado no Brasil pela Companhia das Letras em 2013, Malala conta a sua história a partir da pergunta feita pelo terrorista que a baleou: quem é Malala?
De forma rica, clara e envolvente, o livro nos proporciona mergulhar na vida dessa jovem ativista, e na realidade do país em que nasceu, sobretudo, nas condições sócio-históricas que permeiam a realidade paquistanesa. A jovem nos apresenta seu povo, sua terra e sua cultura, incluindo as dúvidas e incertezas que qualquer menina que se torna uma adolescente tem.
Os pais de Malala têm um bom relacionamento, baseado em amor e respeito.
O pai, Ziauddin Yusafzai, diferente de boa parte dos homens da região, como ela mesma conta, seu pai não despreza as mulheres e não as considera inferiores.
Sempre tratou a esposa com respeito e não se indignou quando Malala nasceu, como normalmente acontece no nascimento de meninas.
Contudo, levando com consideração que aquela é uma sociedade bastante excludente para as mulheres, saber sobre o pai dela é fundamental para entender quem é Malala.
"No dia em que nasci, as pessoas da nossa aldeia tiveram pena de minha mãe, e ninguém deu os parabéns a meu pai. (…) Nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar."
Malala oferece um panorama da história recente do país, ao mesmo tempo que explica o contexto político e cultural da região em que cresceu. É angustiante acompanhar seu relato de como sua terra natal, o turístico vale do Swat, virou uma zona de guerra entre o Talibã e o exército.
Ela conta com o regime do General Zia, a partir de 1947, piorou mais ainda a situação das mulheres no Paquistão. Antes disso, as questões eram: restringir a mulher ao espaço doméstico, sem condições de igualdade com os homens, mas com um mínimo de respeito. Depois, a forte islamização do Paquistão, em oposição ao laicismo, reduziu a -0 o valor das mulheres.
"Enquanto os homens e os meninos podem andar livremente pela cidade, minha mãe não tinha autorização para sair de casa sem que um parente do sexo masculino a acompanhasse, mesmo que esse parente fosse um garotinho de cinco anos de idade. É a tradição."
Reafirmando a sua fé no islã em várias passagens do livro, Malala explica que o Corão não diz que as mulheres devem andar de burca ou deixar de receber educação, por exemplo. Pelo contrário, segundo o seu entendimento da religião, todas as criaturas devem buscar o conhecimento. O Talibã seria um grupo que interpreta o islã de forma errada, assim como vários grupos fundamentalistas de várias religiões ao redor do mundo.
Malala, felizmente, fez e faz a sua parte, lutando para que o direito pela educação seja garantido também às meninas. Foi enriquecedor conhecer uma realidade tão diferente da nossa pelos olhos de uma mulher.
Obrigada, Malala, por contar a sua história, e como ela mesma disse: Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo.
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